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Dançarola tropical

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A tentativa de mostrar a necessidade social, com todo o seu aparato, em coisas tão frágeis e irregulares como um detalhe ou um poema, talvez lhe parecesse [a Anatol Rosenfeld] admissível em tese; na prática, suspeitava nela o desejo de massacre, de trazer para uma área de relativa folga subjetiva a pressão dos conflitos sociais mais violentos. Outros dirão que a dita folga é ideologia, mas de fato há qualquer coisa desproporcionada e antipoética – além de estéril e despótica – em invocar a todo momento o complexo de Édipo e a sociedade de classes para explicar a graça de um livro. Cancelam-se a confiança na experiência do cidadão, o instante de disponibilidade sem o qual não existem, na acepção moderna, arte nem autoconhecimento. Neste sentido Rosenfeld suspeitava toda dialética, incluída a de Hegel, de ser um passe-partout dogmático. Roberto Schwarz Cenário dramático: sala de estar pequeno-burguesa. Entra a Mulher, deita no sofá e mira contra a TV o controle remoto. O Homem chega, le
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Prólogo final

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Não cabe no FEISCINSTA - pertence ao Blogger Na minha fantasia, quando você aparecesse com qualquer cumprimento para conversar comigo aqui em Djwjwjeeid: –  “Achei que você ia mandar um ʽonde estouʼ?”  – , mas sem clichê, do tipo  –  “Eu deveria mandar um ʽ onde estouʼ, onde estou ?”  – , você já sabe quem eu sou antes de eu saber quem você é. Demorei mais de década para te descobrir como peça que faltava. E ésse ô ésse o coração, viu, a sós. Estou desde então me contorcendo sobre a canga, bandana gigante que estendi no chão de não me caber nem em cama de casal nem dentro do espírito, de não segurar meu outro eu dentro de mim, esse eu mediado por mim e outros dizendo que  “ Amor meu grande amor ”  é a música mais bonita que existe neste mundo, mas logo mudo de ideia, antes que derrubem tudo até, ouvindo com mais atenção cada uma das outras canções que você compôs ou escolheu pra interpretar (mas mais as que você compôs, não precisa contar pra ninguém). Desde o começo: Rapaz, eu estou c
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Brecha bruxa

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Todo o misticismo do mundo das mercadorias, toda a mágica e a assombração que anuviam os produtos do trabalho na base da produção de mercadorias desaparecem imediatamente, tão logo nos refugiemos em outras formas de produção. Marx Para Martina, que é e não é. E que, não sendo, muito me ensinou. Dedicatória de Rosa Montero em A louca da casa Nasci filha única de mãe solteira, acho que por isso não podia ser mulher. Tinha nascido, mas não podia me tornar. Quando ganhei a maquininha de costura cor-de-rosa, mamãe tomou o brinquedo mal desembrulhado das minhas mãos e aprontou o maior barraco: – Isso é brinquedo pra filha da empregada. A minha vai ser empresária, tão entendendo? Empresária! Nem de boneca ela me deixava brincar. Dizia que eu ia ser empresária e que a filha da empregada, que cuidava dos bebês de plástico, é que se preparava pra cuidar das crianças que eu viesse a ter. Que na minha imaginação devia haver apenas brincadeiras em que eu seria empresária. Nada além de empresária. U
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